domingo, 12 de maio de 2013

Uma estória [surreal] de MMORPG


Bom dia (caso seja), boa tarde (se for), boa noite (sendo), amigos leitores! Pensei esses dias em fazer uma estória, vamos ver como vai ser, lá vai:

Uma estória [surreal] de MMORPG

Por Inácio Medeiros

Alice, mais uma jovem apaixonada por internet e, por incrível que pareça, por jogos, depara-se com um MMORPG que lhe prende a atenção à primeira vista, mesmo apresentando uma condição deveras estranha: era obrigatório que o personagem fosse controlado não por um jogador, mais por dois, e tinha mais outra restrição no meio: os dois players deveriam ser de sexos opostos. Vai entender a cabeça do Desenvolvedor...

Mesmo com toda esta estranheza, Alice aceitou o desafio, e chamou um amigo, Bob, para jogar com ela. De início, tudo ocorre normalmente: escolhe-se o tipo de personagem (guerreiro, mago, sábio etc.), tem-se as características (ataque, defesa, energia etc.), e tudo o mais que um bom MMORPG pode oferecer. Nos primeiros meses, a atenção ao game e, principalmente, aos personagens, é total, o jogo é viciante. E todo esse alto fervor mantém-se estranhamente o mesmo com o passar dos anos (afinal, o “natural” é a pessoa “abusar” um pouco do jogo com o tempo). E quando se diz ao longo dos anos, é ao longo dos anos MESMO. Após 15 anos jogando aquele MMORPG, a paixão de Alice e Bob (pelo jogo e, principalmente, pelo personagem criado), permanece a mesma desde a época em que começaram...

No entanto, algo de estranho começa a acontecer, sendo algo que já começou a dar seus sinais a partir de 10 anos de jogo: o personagem já não “obedece” tanto aos comandos dos jogadores: eles comandam o personagem para ir à esquerda, e ele vai para a frente, passando a ir para esquerda somente com muita insistência por parte dos jogadores; Alice comanda que ele ataque com uma espada, e o personagem inicia o ataque com um machado. Bob reforça o comando de atacar com espada, mas o personagem meio que não dá ouvidos. Alice e Bob acabam desistindo, o machado é empregado. Apesar do resultado ter sido “satisfatório”, o personagem sai com vida e energia debilitadas, e lá vão eles “comprar poção” para curar (quantas poções não tiveram de ser compradas para reparar essa insistência do personagem, quanto dinheiro não teve de ser angariado para tanto).
Mas por incrível que pareça, a referida paixão continua exatamente a mesma após tantos anos de jogo, mesmo com a dificuldade [do jogo, dos desafios] crescendo um pouco, e o personagem ficando cada vez mais “desobediente”. Após 20 anos do início do jogo (este jogado todos dias, tanto que Bob acabou indo morar com Alice), os jogadores percebem o seguinte: eles perderam totalmente o controle no personagem, ele está totalmente autônomo.

Obviamente, em todos esses anos, Alice e Bob buscaram uma resposta para isso: tentaram contatar a empresa dos jogos, o Desenvolvedor do game, mas as únicas respostas obtidas foram por sinais...

Mesmo perdendo o controle total, os dois obstinados jogadores não desistiram do jogo, mesmo que tendo, na maioria das vezes, assistir o personagem fazer tudo... e o mais estranho ainda:

  1. A paixão pelo game, e principalmente pelo personagem, não diminuiu nem um pouco.
  2. Mesmo o personagem ferindo-se gravemente nas batalhas, os jogadores ainda tentavam comandá-lo para tomar poção, ou ainda prover algum dinheiro para compra (o jogo possui mecanismo pelo qual o jogador enviando dinheiro de verdade para a empresa, esta grana será convertida em dinheiro do jogo);

E Alice e Bob continuaram jogando este bendito jogo, com o mesma estranha paixão, até o fim de suas vidas. E o mais surreal de tudo isso é que, mesmo após a partida dos dois jogadores, o personagem não foi desativado. Ao contrário: continuou vivo e atuante no jogo, buscando, de quando em quando, tentar seguir comandos análogos aos repassados por seus jogadores donos....

Fim de crônica. Agora a mensagem: o nome do MMORPG jogado por Alice e Bob se chama criar um filho. O nome dado àqueles que o jogam chamam-se pai e mãe. E ele só se acaba para os jogadores quando eles deixam esse mundo. Nesse sentido, eu exorto:

Mamãe (e mães de todo o páis e do mundo), a senhora é a maior jogadora do jogo mais difícil já lançado em todo o universo! E somente o Desenvolvedor do ambiente no qual esse jogo se passa, chamado vida, é que sabe o quão difícil é jogá-lo. Um Feliz Dia das Mães para a senhora, e que todos os filhos e filhas que um dia jogarem este jogo possam lograr êxito conforme a senhora vêm feito.

FELIZ DIA DAS MÃES!